31 de Janeiro de 2018
Além de desemprego, paralisação da construção de redes esgoto irá causar danos ao meio ambiente
A intenção da prefeitura de interromper o andamento das obras para avanço do saneamento básico em Uruguaiana pode trazer consequências graves para a cidade. Além do dano ambiental - já que as obras buscam garantir o tratamento de esgoto de toda a população - a medida irá gerar desemprego.
Cerca de 120 pessoas serão dispensadas nos próximos dias e outros 300 postos de trabalho indiretos deixarão de ser gerados. O município manifestou a intenção de negar as licenças necessárias para que a BRK Ambiental conclua a implementação das redes que vão conectar todas as casas da cidade à rede de esgoto. Sem as licenças, a concessionária não pode realizar os trabalhos e os serviços não avançam.
No total, R$ 50 milhões deixarão de ser investidos na cidade e o esgoto de 12 mil moradores dos bairros Cidade Alegria, Cidade Nova e Santo Inácio vão continuar sendo jogados a céu aberto, prejudicando o meio ambiente e a saúde da população.
Há sete meses a BRK Ambiental aguarda a autorização para poder dar seguimento ao Programa de Investimentos no Sistema de Esgotamento Sanitário de Uruguaiana. Curiosamente, o município alega atraso no cumprimento de metas como justificativa para paralisar as atividades. Ocorre que a decisão deve impedir que o tratamento de esgoto na cidade seja definitivamente universalizado, prejudicando justamente quem mais precisa dos serviços.
A empresa entende que impedir o investimento de dezenas de milhões de reais em um momento de desemprego e crise econômica traz enormes prejuízos para a cidade e espera que a Prefeitura reveja essa posição - em que o interesse público é totalmente ignorado. A BRK Ambiental já apresentou à Agergs, à Prefeitura e à própria Comissão de Fiscalização toda a documentação solicitada e prestou todos os esclarecimentos.
Entre as equipes terceirizadas e que prestam o serviço para a concessionária, o clima é de indignação. Emerson Ramos trabalha há cinco anos com saneamento e será uma das pessoas prejudicadas. “ Tenho filhos e netos para sustentar, já avisei lá em casa que vou perder meu emprego. Quero saber como vou fazer para pagar minhas conta agora? Aqui na obra, todo mundo está revoltado com essa situação”, conta.
O colega dele, Dealtri da Rocha, diz que vai ter que ir embora da cidade para conseguir trabalho. Aqui não tem emprego, era essa a nova Uruguaiana que tinham prometido? Uma cidade sem perspectiva para nada”, afirma.
O município alega que não há contrato com a BRK Ambiental, já que este teria sido assinado com a Odebrecht Ambiental. Ocorre que a empresa que atua em Uruguaiana não mudou, continua exatamente com a mesma estrutura e com as mesmas metas contratuais, tendo sido alterado apenas o seu nome empresarial. O que ocorreu foi uma troca de indireta de acionista, o que não afeta em nada o Contrato de Concessão, assinado em 2011 com o Município de Uruguaiana.
A alteração representa apenas a substituição da antiga controladora pela Brookfield. Ou seja, do ponto de vista da relação operacional com o município e com o contrato nada mudou. Além disso, a BRK Ambiental está na cidade, trabalhando com equipes de campo e atendendo a população normalmente.
Uruguaiana é, a propósito, a cidade gaúcha que mais avançou no saneamento básico nos últimos anos e está entre as três com os melhores índices do Estado. Para chegar a ser a primeira, basta a liberação da licença.